Depois da mulher, Ana Quintela, o humorista Hélio de la Peña tem três paixões na vida: a comédia, o futebol (é botafoguense fanático) e a natação. Em turnê com o espetáculo de stand-up “Preto de Neve”, ele falou à coluna sobre a polêmica do prêmio “Bola de Ouro”, em Paris, nessa segunda (28/10), que deu o troféu ao espanhol Rodri, jogador pelo Manchester City, em vez de ao brasileiro Vini Jr., que joga pelo Real Madrid, segundo colocado na tradicional premiação. “O Real Madrid foi o melhor time e Carlo Ancelotti, o melhor técnico. E o melhor jogador do melhor time não levou nada. A Europa passa por um período de conservadorismo extremo. Premiar Vini Jr. não acabaria com o racismo — seria até uma ótima forma de maquiá-lo, mas nem isso eles quiseram. E se não queriam politizar a premiação, politizaram mais. O tiro saiu pela culatra: a decisão escancarou o racismo”, diz Hélio.
Na peça, que estreou no Rio, ano passado, ele trata de assuntos como as adversidades em ambientes elitizados por ser negro, além das piadas habituais, factuais, as viagens a trabalho e em família e de sua desastrosa experiência numa estação de esqui no exterior, que é o cartaz do espetáculo: “Preto e neve não combinam, tanto que não existe esquimó africano. Conto também como é ser o único preto que tem casa no Jardim Pernambuco. Quando eu estava me mudando, soube que um dos vizinhos chegou a comentar que, com a minha chegada, ele ia dormir ouvindo pagode”, disse à coluna.
O time do Real Madrid cancelou a viagem a Paris e, logo depois do resultado, Vini Jr. escreveu nas redes: “Eu farei 10x se for preciso. Eles não estão preparados”. Vini era cotado como grande favorito por ter sido o protagonista na conquista da Champions League 2023/24 pelo time que também faturou o Campeonato Espanhol e a Supercopa da Espanha.
O Brasil segue sem um vencedor na premiação depois de 17 anos. Vini Jr., no entanto, teve a melhor posição de um jogador brasileiro desde que Kaká foi coroado, em 2007. Neymar foi terceiro colocado em 2015 e 2017.